Entrevista com os Coordenadores


Florianópolis é sede organizadora do CSBC 2021 com o tema Inovação e Transformação Digital

Evento será online no período de 18 a 23 de julho

A transformação para um mundo digital está diretamente ligada à área da computação. O mundo virtual e tecnológico, que se tornou ainda mais presente em nossas vidas durante a pandemia, traz um novo formato de pensar e desenvolver produtos, serviços e processos necessários à sociedade. É nesse contexto que a 41ª edição do Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC 2021) tratará do tema “Inovação e Transformação Digital: Enfrentando a complexidade e as incertezas do mundo contemporâneo”, em evento programado em formato online, para o período de 18 a 23 de julho, tendo Florianópolis como sede organizadora.

O CSBC é o principal evento científico da área da computação no país. Em 2021 debaterá inovações tecnológicas e os impactos socioambiental, econômico, ético e cultural que resultam da adoção de soluções computacionais nas organizações e em nossas atividades diárias. Serão 25 eventos paralelos com palestras, debates, cursos, concursos, apresentações de trabalhos científicos, reuniões e outras atividades organizadas por membros da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). A coordenação do evento está sob responsabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) com o apoio de outras instituições do estado, como UDESC, IFSC e FURB.

Nesta entrevista, os coordenadores do evento, professores e pesquisadores Frank Siqueira (UFSC) e Michelle Wangham (UNIVALI), falam sobre o Congresso, enaltecem a relevância da profissão e reforçam a importância da pesquisa e da atuação dos profissionais da área, principalmente com o surgimento da pandemia, quando novas relações entre as pessoas – governos, empresas e instituições – passaram a necessitar ainda mais da tecnologia e, consequentemente, da computação.

Os Coordenadores do CSBC 2021, Frank Siqueira e Michelle Wangham

Quais os temas de destaque no CSBC 2021?

Michelle Wangham – A transversalidade da área da computação e suas ferramentas de apoio a outras inúmeras profissões permitem uma abrangência de temas. Dentre eles podemos destacar: inclusão digital, Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), segurança cibernética, Indústria 4.0, ensino remoto, governos digitais e atuação profissional em novos contextos da sociedade. São 25 eventos paralelos, organizados para que os participantes aproveitem todos os momentos. Nessa edição, teremos três painéis relacionados diretamente ao tema central do evento: um sobre ensino remoto, outro sobre o contexto da computação na Indústria 4.0, e o terceiro sobre privacidade e proteção de dados. Além dos painéis, há ainda uma série de palestras previstas na programação dos eventos com renomados pesquisadores e a apresentação de trabalhos acadêmicos.

Quais as oportunidades que o Congresso oferece aos participantes?

Frank Siqueira – Para os estudantes, o CSBC é uma oportunidade ímpar de ter contato com uma série de assuntos que não são usualmente tratados nos currículos dos cursos universitários. Já para os profissionais, existe toda uma troca de conhecimentos e o estabelecimento de cooperações e parcerias que impulsionam o desenvolvimento científico e a inovação na área de computação.

A computação é a conexão entre a inovação e a transformação digital? Qual a responsabilidade da computação em tempos cada vez mais conectados?

Frank Siqueira – A computação e a internet são as principais ferramentas para a transformação digital. Grande parte da inovação que ocorreu nos últimos anos está ligada ao uso da computação e da internet nos mais diversos segmentos de atuação. Hoje aprendemos, trabalhamos, consumimos, nos relacionamos, planejamos nossas vidas e administramos nossas finanças, com o auxílio de dispositivos computacionais dos mais diversos tipos, interligados por meio da internet. Isso faz com que a computação esteja presente no dia a dia de grande parte da população, que tem sua vida, seus princípios e sentimentos influenciados constantemente pelo mundo virtual, que cada vez mais se integra ao mundo real. Essa mudança radical está ocorrendo muito rapidamente, e precisa ser feita de forma responsável, seguindo preceitos éticos, para garantir que tenhamos uma sociedade justa para todos e que permaneça evoluindo constantemente.

Como definir o perfil do profissional da computação?

Frank Siqueira – O desenvolvimento de soluções computacionais para nos apoiar no trabalho e nas atividades cotidianas exige que o profissional da área de computação entenda não só de tecnologia, mas que também compreenda os processos produtivos e o comportamento do próprio ser humano para que os sistemas computacionais busquem otimizar esses processos. Com a pandemia, por exemplo, o ensino e o trabalho remoto acabaram se tornando vitais nos últimos meses e dependem fortemente de soluções computacionais. Como resultado do seu trabalho, o profissional da área deve fazer com que a tecnologia se integre ao cotidiano do usuário de forma simples e intuitiva. Além disso, ele precisa dominar tecnologias cada vez mais complexas para desenvolvimento de sistemas computacionais, o que exige dele uma grande dedicação e constante aperfeiçoamento, visto que essas tecnologias evoluem muito rapidamente.

Quais impactos da pandemia serão debatidos no CSBC?

Michelle Wangham – As organizações precisaram passar por transformações digitais muito rápidas, mudanças que levavam meses ou anos de intenso trabalho até serem implementadas tiveram que ser feitas de forma forçada e acelerada. As pessoas tiveram que ressignificar suas relações sociais, suas atividades laborais e seus valores. Necessidade de adaptação, resiliência e o uso intenso da tecnologia marcaram este período. Porém, os avanços tecnológicos expressivos na área da saúde e educação não foram experimentados de forma igualitária por todos. Aumento da fome e da pobreza, exclusão digital e colapso das redes de saúde contribuíram para acentuar as desigualdades sociais e regionais. Estes desafios tornam ainda mais urgente o comprometimento dos profissionais da computação com a implantação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

O CSBC 2021 recebeu inúmeros artigos técnicos-científicos de estudantes, professores e pesquisadores. O que isso representa?

Frank Siqueira – Tivemos mais de 900 trabalhos submetidos para os eventos, o que demonstra que, apesar da redução no fomento ocorrida nos últimos cinco anos, as pesquisas na área continuam gerando resultados importantes. Todos os trabalhos passam por um processo rigoroso de seleção realizado pelos comitês de programa dos eventos, compostos por pesquisadores renomados em suas respectivas áreas de atuação, e apenas cerca de 30% dos trabalhos são selecionados para compor a programação do congresso.

Como tem sido a representatividade feminina no mercado e no meio acadêmico da computação?

Michelle Wangham – A representatividade das mulheres nos cursos de computação e no mercado de trabalho ainda é pequena. Algumas iniciativas visam despertar o interesse de meninas do ensino fundamental e médio para a área da computação. Além disso, algumas empresas de base tecnológica têm firmado compromissos públicos para promoverem a diversidade em seus quadros. Observo que a SBC tem papel importante em agregar e valorizar as mulheres que trabalham com tecnologia, o que se reflete diretamente na composição da sua diretoria.  Diferentes eventos da SBC se propõem a discutir esse tema de forma aberta e inclusiva. Na programação do CSBC, o evento Women in Techonology (WIT) debaterá questões de gênero na área de tecnologia da informação e mostrará uma série de estudos inspiradores como as ações do programa Meninas Digitais da SBC.

Como está o mercado de trabalho para profissionais da computação?

Michelle Wangham – Está super aquecido, com muitas vagas em aberto. Muitas empresas, em diferentes regiões do país, procuram por profissionais formados e estudantes nas mais diferentes áreas da computação. Mesmo os alunos que estão no início da graduação têm boas oportunidades. Por conta dessa crescente demanda, precisamos despertar os jovens para o potencial da área e ainda aumentar o interesse e a participação das mulheres.

O que os participantes podem esperar desta edição online do Congresso?

Michelle Wangham – A primeira edição do CSBC aconteceu em Florianópolis, em 1980, e agora volta-se a organizar o evento, porém, em formato online, em função das restrições sanitárias por conta da COVID 19. Temos em Santa Catarina um grupo de professores e pesquisadores competentes e versáteis que conseguem se adaptar a essas mudanças na organização. Estamos organizando uma intensa e diversificada programação para abordar o tema do evento e para apresentar as belezas da ilha, a nossa culinária e a nossa cultura para a Sociedade Brasileira de Computação.